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CM thumbnails CAP 3 EP 2

Leia agora a entrevista completa com o Sr. Amadeu. Ele cuidou por muitos anos de sua mulher e tem uma história inspiradora. 

As entrevistas foram feitas pela embaixadora do projeto, Luísa Castel-Branco e por um membro da equipa Nave16.

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Amadeu Lopes - cuidador

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Luísa - Estava a dizer que o Sr. Amadeu tem uma história dentro da história do Café Memória.

Amadeu - Certo, a minha história é que a minha mulher teve o Alzheimer e andei oito anos até final do ano que passou, que faleceu, faleceu há sete meses e eu comecei a vir aqui logo nas primeiras oportunidades do Café Memória, com ela. Tanto que acontece que quando ela fazia anos, coincidia algumas vezes com o Sábado em que a reunião que se fazia aqui também era aniversário por isso era aniversário do Café Memória e aniversário dele porque fazia anos. E passei sempre a vir com ela, sempre, a todos os lados.

L - Qual foi a evolução da doença? Ela vinha aqui e ainda interagia, ficava contente?

A - Ela ficava contente, ela foi uma doce mulher. Foi a coisa mais querida que se pode imaginar. Aquilo que eu vivi com ela, era isso que eu gostava que as pessoas vivessem de amizade e de carinho e da recetividade. Ela ria-se comigo.

L - Ela precisava, nesses anos, de apoio total?

A - Total, vinte e quatro horas.

L - Tinha ajuda?

A - Não, a minha ajuda fui eu sozinho que fiz aquilo. Durante esses oito anos, tive sempre com ela, ninguém mais me ajudou. Por fim, foi meia dúzia de meses para o centro de dia e três ou quatro para um lar. Mas deixou-me recordações, eu hoje estou a fazer o que ela fazia, coisas de casa que ela fazia. Eu hoje sinto-me bem e depois quando há estas reuniões do Café Memória eu vou para todo o lado porque as senhoras para mim têm sido o meu amparo, têm sido imparáveis. Não fossem estas senhoras, eu não estava aqui. Se não fosse a Drª. Catarina, a senhora… já não me recordo.

L - Diga-me uma coisa, não, a cabeça, a verdade é que a nossa cabeça se cansa e teve muitos anos de trabalho esgotante. Reformou-se, com certeza?

A - Felizmente calhou depois de eu estar reformado, felizmente calhou. Eu tive foi muita sorte de estar com ela e ela comigo, quando eu já estava reformado.

L - E acha que, olhando para todos esses anos, eu diria, é um peso ou foi feliz?

A - Feliz, feliz que ainda hoje sinto-me feliz porque ela ria-se comigo.

L - É difícil reaprender a viver sozinho?

A - Agora vivo bem, no sentido de olhar para ela, todos os dias estou a olhar para ela, sem estar, não é porque foi uma vida, continuo com ela, noite e dia e fantástico, não lhe dizia a nada, olha, pronto então procurava sair com ela, todos os dias vamos para a rua, ao café, enfim, vamos ir para fora, sei lá, uns quilómetros. Então ia para cá, ia toda feliz, olhe eu sinto-me feliz porque tratava-me bem, não tenho nada que… maravilhosa. Foi aí o meu suporte, se não fossem eles e depois o conjunto da equipa do Café Memória, eu não estava cá. Eu tinha ido, primeiro que ela. Primeiro que ela. O que foi mesmo em cheio, se não fossem os filhos… eles sabem que eu estou aqui, eles sabem que eu estive ontem e sabem que eu amanhã vou para Mafra para uma caminhada. Estou à espera que se faça uma caminhada aqui do Café Memória.

L - Nem que não tivesse o Café Memória, só aquilo que conseguiu consigo, isto de facto de não estar sozinho e o facto de o ter acompanhado, tudo isso é uma razão maior para a existência do Café Memória.

A - Ai pois é. Eu começo a dizer eu vou a todos os Cafés Memórias, neste aqui do Colombo, vou a Sintra, vou a Algés, este de Algés coincide com Leiria e umas vezes vou também a Leiria e deixo Algés mas todos os Sábados e todos os Domingos porque encontro-me bem.

L - Encontra pessoas que gostam de si e que têm saudades da sua mulher também.

A - Pedem para eu… agora nesta última que fui a Oeiras, lá estava a senhora Marisa…

M - Como é que funciona um bocadinho, quando vem ao Café Memória o que é que gosta mais, já sei que há jogos, há palestras…

A - Eu gosto mais é de vir ver as pessoas, o contacto com as pessoas e falar com as pessoas para mim é maravilhoso. Sinto-me em família. Estou feliz por estar a falar consigo, obrigado.

M - Obrigada eu.

A - Muito obrigado.

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